No dia 25 de Maio celebra-se o Dia Mundial da Tiróide. Este é um dia dedicado a toda a comunidade de pessoas com doença da tiróide, médicos envolvidos no seu tratamento e investigadores comprometidos em melhorar o conhecimento e a forma de detetar e tratar estas doenças. Também é objetivo deste Dia consciencializar toda a população para a frequência das doenças da tiróide, e como estas se manifestam, se detectam, se tratam e se previnem.
A tiróide localiza-se na parte inferior do pescoço; produz hormonas que influenciam todas as células do nosso organismo, regulando o ritmo com que produzimos energia, e tendo influência crucial em múltiplas outras funções do organismo, desde o batimento do coração aos movimentos do intestino.
Cerca de uma em cada dez pessoas desenvolverá uma doença da tiróide durante a sua vida, e cerca de seis em cada dez pessoas com alguma forma de doença da tiróide desconhecem que a têm. As mulheres são afectadas cinco a oito vezes mais que os homens.
O hipotiroidismo, uma condição que ocorre quando a tiróide não produz hormona suficiente, é a doença da tiróide mais comum. A causa mais comum nos países (ditos) desenvolvidos é autoimune, isto é, uma desregulação do nosso sistema de defesas que inflama e destrói as células da tiróide. Contudo, a causa mais frequente de hipotiroidismo em todo o mundo, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, é a deficiência de iodo. O iodo é um elemento essencial na função normal da tiróide, e um dos constituintes das hormonas produzidas por esta glândula. Como o corpo não produz iodo, este tem de ser ingerido através da dieta. Sem iodo não produzimos hormonas da tiróide em quantidade suficiente e, como estas hormonas são essenciais para o desenvolvimento físico e mental do bebé durante a gravidez, as consequências da deficiência de iodo para este incluem atraso físico e mental, e bócio – significa tiróide aumentada –. Estudos publicados desde 2010 mostraram que, nos Açores, mais de metade das mulheres grávidas e crianças em idade escolar incluídas nestes estudos tinham deficiência de iodo, o que levou à implementação de diversas medidas de saúde pública (exemplo: ampla disponibilização de sal iodado nos supermercados) no sentido de contrariar esta situação. A Direção Geral da Saúde aconselha a utilização de suplemento diário de iodo – 150 a 200 μg/dia – em mulheres a planear gravidez, grávidas ou a amamentar. Nas mulheres com doença da tiróide estes suplementos podem não estar indicados, devendo a decisão ser médica, e caso a caso. Os sintomas do hipotiroidismo, que surgem habitualmente em casos moderados a graves, incluem por exemplo cansaço, depressão, sonolência, intolerância ao frio, falhas de memória e ganho de peso. O tratamento do hipotiroidismo geralmente consiste em repor a hormona em falta com uma forma sintética desta, a levotiroxina.
O hipertiroidismo é a doença oposta ao hipotiroidismo: naquela, a tiróide produz hormona em excesso. Os sintomas incluem irritabilidade, nervosismo, perda de peso inexplicável, insónia, problemas de visão e irritação nos olhos. O seu tratamento depende da causa e há várias formas de tratar o hipertiroidismo. A doença de Graves é a causa mais frequente de hipertiroidismo nos países desenvolvidos, e também é um distúrbio autoimune, sendo que neste caso a inflamação provocada também estimula as células da tiróide a produzir hormona em excesso.
O nódulo da tiróide é outro problema muito frequente, atingido cerca de 4 em 10 pessoas. É um crescimento anormal de células na tiróide e que forma um nódulo dentro desta glândula. Embora a grande maioria dos nódulos da tiróide seja benigna, uma pequena proporção – 7 a 15% – são malignos (cancro). A distinção entre os nódulos da tiróide benignos e malignos habitualmente exige avaliação clínica habitualmente em consulta de Endocrinologia, realização de ecografia da tiróide e biópsia aspirativa dos nódulos suspeitos. Quando o cancro da tiróide é identificado e tratado precocemente, a maioria das pessoas consegue ficar curada.
No dia 25 de Maio de 2022, tendo em conta o contexto da guerra na Europa e a ameaça de utilização de armas nucleares, as grandes associações científicas internacionais dedicadas ao estudo e tratamento das doenças da tiróide irão debater as consequências dos desastres nucleares para a tiróide, e quais as medidas de proteção desta glândula que todos nós podemos adotar nestes contextos.