A Esclerose Múltipla é uma doença inflamatória autoimune do Sistema Nervoso Central (SNC), que resulta da disseminação, no tempo e no espaço, de focos de desmielinização. Evolui habitualmente por episódios recorrentes (surtos), sugestivos de envolvimento multifocal do SNC, com total ou parcial recuperação. A causa é desconhecida, no entanto postula-se que é uma doença complexa e multifatorial, que surge em indivíduos geneticamente suscetíveis, na qual fatores ambientais e outros influenciam o seu aparecimento. É prevalente na raça branca de origem nórdica, em zonas temperadas e em países com elevado rendimento. A prevalência em Portugal estima-se que anda à volta de 56,2 por 100000 habitantes.
A Esclerose Múltipla pode atingir qualquer área do cérebro, dos nervos óticos e da medula espinhal e, por isso, as suas manifestações clínicas são muito diversas.
Podem, no entanto, assumir-se como mais frequentes alguns sintomas iniciais. As alterações de sensibilidade a nível dos membros, do tronco ou da cabeça; a diminuição ou perda de força num ou mais membros (direitos, esquerdos, inferiores ou nos quatro); as alterações visuais como visão dupla ou turva de um olho; e o desequilíbrio. Estes sintomas e sinais que surgem de novo numa pessoa jovem, devem levar a que este diagnóstico seja considerado. A fadiga é também um sintoma muito frequente. Um surto é o aparecimento de um sintoma ou sinal neurológico que permanece mais de 24 horas.
Há quatro formas clínicas de apresentação da EM:
- Surto remissão: o doente tem um défice neurológico que dura, pelo menos, 24 horas e recupera de modo significativo;
- Secundária progressiva;
- Progressiva com surtos;
- Primária progressiva.
Para o diagnóstico da Esclerose Múltipla, a RMN CE é o exame complementar de eleição. É muito sensível a alterações estruturais da substância branca encefálica e desde a sua implementação, constitui um dos pilares do diagnóstico da EM. O diagnóstico requer evidência clínica ou imagiológica de lesões circunscritas em vários locais do SNC (disseminação no espaço) e recorrentes (disseminação no tempo). O diagnóstico de EM, também é suportado pela presença de bandas oligoclonais no Liquor.
Há dois tipos de tratamento para a EM:
- Aquele que se prescreve na fase aguda da doença, ou seja no surto: metilprednisolona EV em altas doses durante 3, 5 ou 7 dias;
- E a terapêutica imunomoduladora, com a finalidade da redução do número de surtos. É feita com medicação injectável ou oral consoante a gravidade e a fase da doença. A título de exemplo direi alguns dos medicamentos mais comumente utilizados: Acetato glatirâmero; as várias formulações de interferão; A teriflunomida; Fumarato de Dimetilo; Cladribina; Ocrelizumab.
Para terminar, direi que embora a doença tenha uma conotação de gravidade, com as novas formulações terapêuticas, a maioria dos doentes consegue fazer uma vida praticamente normal.